Apresentando os autores:
Pierre
Lévy é
um filósofo francês da cultura virtual contemporânea. Nasceu
na Tunísia, em 1956. É mestre em História da Ciência, PhD em Comunicação e
Sociologia e Ciências da Informação. Lecionou em universidades de Paris e
Montréal, é professor titular da cadeira de Pesquisa em Inteligência Coletiva
na Universidade de Ottawa, no Canadá, e membro da Sociedade Real do Canadá –
Academia de Ciências e Humanidades.
É o filósofo da cibercultura, do ciberespaço, da
inteligência coletiva, do aprendizado cooperativo e da árvore do conhecimento.
“A internet é um dos mais
fantásticos exemplos de construção cooperativa internacional. - Lévy”
Manuel Castells Oliván é um sociólogo espanhol, nasceu em Hellín em 1942 e
começou sua carreira em 1967 na Universidade de Paris. Ele foi um dos
fundadores da chamada Nova Sociologia Urbana. Há varias publicações de sua
autoria que são tratadas como muito importantes na criação deste pensamento.Nos anos 80, concentrou-se no estudo das novas
tecnologias de informação e comunicação e seu impacto econômico.
Ciberespaço é o meio de comunicação que surge da
interconexão de computadores e o consequente surgimento da cibercultura.É considerado como uma virtualização da realidade, ou seja,
uma migração do mundo real para um mundo de interações virtuais, onde se
encontram quantidades massivas de dados, informações e conhecimentos, tudo em
um mix de imagens, sons, possibilidades; um ambiente não físico, mas um real
espaço aberto, onde tudo acontece instantaneamente em tempo real e de
durabilidade incerta.
O
computador é um operador da virtualização.
O
crescimento do ciberespaço é orientado por três princípios fundamentais: a
interconexão, a criação de comunidades virtuais e a inteligência coletiva.
A
interconexão, mundial ou local, é um princípio básico do ciberespaço, na medida
em que sua dinâmica é dialógica.
As
comunidades virtuais “são construídas sobre afinidades de interesses, de
conhecimentos, sobre projetos, em um processo mútuo de cooperação e
troca”.
A inteligência coletiva compartilhada que surge da
colaboração de muitos indivíduos em suas diversidades. “É uma inteligência
distribuída por toda parte, na qual todo o saber está na humanidade, já que,
ninguém sabe tudo, porém todos sabem alguma coisa”.
Segundo Lévy, “a cibercultura expressa o surgimento
de um novo universal, diferente das formas que vieram antes dele no sentido de
que ele se constrói sobre a indeterminação de um sentido global qualquer”.
Trata-se de um “novo dilúvio”, provocado pelos avanços tecnológicos das telecomunicações,
em especial, o advento da internet.Participar da
cibercultura também é um ato de partilhar informações, sejam em redes sociais,
entre amigos ou em redes profissionais, com o mercado.Na
medida em que estamos dia-a-dia mais imersos nas novas relações de comunicação
e produção de conhecimento que ela nos oferece, estamos passando por um
processo de universalização da cibercultura.
3
EXEMPLOS DE CIBERCULTURA:
AS
COMUNIDADES DE APRENDIZAGEM:
Cada
vez mais existem comunidades de aprendizagem na Web, designando-se também pelo
ensino à distância (EAD). Os centros de aprendizagem cada vez mais proliferam a
nível mundial. A necessidade de conhecer e de aprender, com o menor custo
possível, leva instituições e empresas a reorganizar-se para permitir o ensino
on-line. Há uma série de recursos disponibilizados na Web, tais como, os
repositórios e as bibliotecas digitais, através do e-books , como blog’s e
sites educativos ou de formação.
AS
REDES SOCIAIS:
As
redes sociais se transformou em rotina no dia-a-dia de todos. A necessidade de
comunicar e conhecer, tem levado milhões de pessoas a utilizar várias
interfaces de comunicação, tais como o Whatsapp, Facebook, Twitter, skype, etc.
Estas plataformas de comunicação evoluíram passando de uma comunicação textual
para a comunicação com imagem e som em tempo real.
A ARTE
SOM, DA IMAGEM E DO VÍDEO:
Atualmente
encontramos na Web, toda a multiculturalidade musical do planeta. Agora não se
compram mais CD’s, compram-se músicas ou álbuns, realizando downloads, onde
todos podem levar consigo em dispositivos portáteis e escutar em qualquer lugar.A
imagem veicula uma série de informação, que pode ser encontrada na Web. Quase
tudo é fotografado e publicado. O vídeo, principalmente na rede social Youtube,
passou a ser mais uma ferramenta de divulgação planetária, para vários fins.
Com o vídeo se aprende, se conhece, se diverte.A
evolução dos jogos online tem sido extensa, milhões de cibernautas passam horas
de lazer, a jogar jogos on-line ou off-line com grupos de parceiros do mundo inteiro,
na busca do mesmo objetivo.
“Numa perspectiva
histórica mais ampla, a sociedade em rede representa uma transformação
qualitativa da experiência humana.” - Manuel Castells
A SOCIEDADE é formada por todos os seres
humanos que ocupam um determinado espaço num determinado tempo. O espaço pode
ser um país ou região, por exemplo, e o tempo que, historicamente, pode ser
bastante longo mas que, sociologicamente ou estatisticamente, pode ser extremamente
curto. Ainda há uma terceira dimensão a considerar aqui, a dos traços de união
entre os elementos, que podem ser os mais variados: família, vizinhança,
trabalho, povoação de origem, origem étnica, opções políticas, país, etc.
Já a REDE é um conjunto de nós interligados
por relações aleatórias que permitem o fluxo de informação. Abstraindo essa
definição para a nossa sociedade, pode-se considerar que a primeira rede da
qual fazemos parte é a família. Nesta, os nós são os familiares e todos eles se
comunicam, trocam experiências e entre ajudam para o bem comum. Outra rede que
integramos é a escola. Aqui também há a comunicação e a troca de experiências
que formam uma rede um pouco mais abrangente.
Portanto, sociedade
em rede, é o conjunto de seres humanos que partilham interesses comuns, ligados
por pontos e ferramentas que facilitam a comunicação e a partilha de
experiências entre si. Nesta partilha coletiva, cada indivíduo ruma ao
descobrimento da sua identidade individual e coletiva.Segundo Castells
(2006), o avanço tecnológico proporcionou um aumento exponencial do efeito de
rede, modelando a sociedade atual, na qual se insere a sociedade da informação
e do conhecimento.As tecnologias modernas
permitem a formação de redes informais e comunidades de aprendizagem cuja
afinidade é o encontro num ambiente virtual.
A sociedade em rede é a sociedade
da descoberta do outro, nunca como hoje, o desconhecido esteve ao nosso
alcance.
Estamos a viver uma
fase que Castells (2005) designou como Revolução Informacional e Tecnológica,
atribuída a uma evolução associada a grandes redes comunicacionais, que
interfere em diversas esferas sociais e em diferentes domínios (científico,
econômico, político e cultural). Estas transformações estão a mudar o mundo em
que hoje vivemos e a forma como comunicamos.Desde sempre a sociedade
funcionou em rede, mas a explosão do uso da Internet fez com que as redes se
estruturassem em torno de plataformas online. Para além do contato interpessoal
passamos a ter como recurso de socialização o contato via web, em múltiplas
áreas de interesse, em variados idiomas e em localizações geográficas até então
inacessíveis.
Vivemos numa era em
que a comunicação superou barreiras e em que a Internet e a Sociedade em Rede
têm permitido a troca rápida de informação, bem como capacidade de processar e
gerar conhecimento.
Parte de uma entrevista
feita com Manuel Castells:
“Seu conceito de "sociedade em rede" ganhou
novas nuanças devido ao fenômeno das redes sociais e à cultura colaborativa da
internet?
Castells – Propus, em 1996, o conceito de
sociedade em rede para caracterizar a estrutura social emergente na era da
informação, substituindo gradualmente a sociedade da era industrial. A
sociedade em rede é global, mas com características específicas para cada país,
de acordo com sua história, sua cultura e suas instituições. Trata-se de uma
estrutura em rede como forma predominante de organização de qualquer atividade.
Ela não surge por causa da tecnologia, mas devido a imperativos de flexibilidade
de negócios e de práticas sociais, mas sem as tecnologias informáticas de redes
de comunicação ela não poderia existir. Nos últimos 20 anos, o conceito passou
a caracterizar quase todas as práticas sociais, incluindo a sociabilidade, a
mobilização sócio-política, baseando-se na Internet em plataformas móveis.
Nos
primeiros dias da Internet comercial, muito se discutiu o risco à privacidade
na sociedade conectada. Hoje, dados pessoais, histórico de navegação na web e
até mesmo mensagens individuais são ferramentas orientadas de marketing. A
privacidade tornou-se um produto de mercado?
Castells – Obviamente, na
era da internet, não há mais privacidade, ainda que seja necessário continuar
protegendo-a com leis. Os governos interferem legalmente ou ilegalmente na
rede, as empresas utilizam os dados pessoais e os vendem, e quem pode
inteirar-se da vida dos outros por meio da rede o faz. O que é novo é que antes
só o poder podia espionar, e agora, qualquer cidadão com um celular pode gravar
os poderosos. E, realmente, os dados pessoais são mercadorias e as empresas de
internet prestam serviços que são pagos com dados pessoais. Existem hoje no
Vale do Silício pequenas empresas inovadoras que protegem dados pessoais em
troca de poderem vendê-los eles próprios com melhores condições de privacidade.”
Diante de todos esses conceitos, temos duas perguntas a fazer:
1. COMO A SOCIEDADE MODERNA É IMPACTADA?
Podemos dizer que a geração atual foi mal acostumada a
fazer tudo com a ajuda da tecnologia. Um exemplo disso é que quando precisamos
encontrar algo como telefone ou endereço de algum lugar/pessoa, o nosso
primeiro instinto é pesquisar na internet, em ferramentas de busca,
principalmente na mais famosa: o Google.Com essas inúmeras fontes de pesquisas encontradas no
mundo virtual, a agilidade se tornou algo em questão de segundos, basta apenas
ter conexão com a internet e um meio físico para se conectar, como computador
de mesa, notebook, tablets e celulares. Com apenas um toque, as pessoas tem
vários mundos de informações em apenas uma tela, e além de pesquisar qualquer
tipo de informação, também podem interagir virtualmente com outras pessoas
através de redes sociais, messengers, via texto, áudio e vídeo, e isso
simultaneamente, algo que alguns anos atrás nem se imaginava que poderia
acontecer!Toda vez que o internauta posta algo nas redes sociais
Twitter, Facebook, Youtube e afins, está fazendo uma contribuição para a
formação de uma parte no ciberespaço.
2. COMO LEVAR A COMUNICAÇÃO NESTE CENÁRIO?
Atualmente,
se tornou inevitável ficar fora do mundo virtual e temos que aprender a lidar
com isso, independente do sexo, idade, classe social e cultura.
Se
alguém ainda não está interagindo no mundo “internetês” vai ser obrigado a
aprender, pois tudo e todos giram em torno do mundo virtual, sentimentos e desejos
se tornaram virtuais, infelizmente, isso é algo que prejudica em alguns
aspectos da nossa vida e tente a piorar, mas o mundo é assim, as pessoas se
tornaram assim, e quem não souber ou não conseguir conviver com isso, sinto lhe
dizer, mas você vai ficar cada vez mais perdido!
Então
pode-se concluir que não podemos mais viver sem o mundo virtual – a internet e
redes sociais – estamos presos nesse mundo no qual o próprio homem criou,
ficamos mal acomodados, muitas vezes esquecemos de fazer nossas obrigações, já
acordamos com a cara no celular, querendo saber das novidades postadas e também
postamos nossos sentimentos, fotos, vídeos do nosso dia a dia, da vida pessoal
e profissional, fazendo com que qualquer pessoa saiba da nossa existência, e se
não tomarmos os devidos cuidados e segurança, isso se torna algo perigoso em
nossas vidas!
Por
um lado a internet nos proporciona momentos de prazer, alegrias, tristezas e
nos ajuda e muito em pesquisas, trabalhos, compras, encontrar pessoas que há
muito não vimos, conversar com aqueles entes queridos que moram longe, ficar
informado das notícias em tempo real; mas por outro lado, isso pode ser
prejudicial se deixarmos ultrapassar certos limites, prejudicando a nossa vida
real social e pessoal.
Ainda
assim, nada melhor do que o toque físico, aquele abraço gostoso, boas conversas
ao vivo, carícias, beijos, sorrisos, poder estar ao lado de quem se gosta,
viajar e conhecer novos lugares, pessoas e culturas, enfim, vamos tentar
lembrar que ainda existe vida fora das telinhas cibernéticas, ok!